sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Água é tudo: Uma sentença sem “i”s



Por os pontos nos “i”s é um ditado usado em algumas partes do Brasil. Conduz o espírito de: corrigir exageros, desfazer interpretações equivocadas. Pois vamos tentar colocar alguns pontos em alguns “i”s em “Água é tudo: Uma sentença sem “i”s”. Numa entrevista de sucesso na última segunda-feira, 8 deste janeiro de 2018, na TV Cultura, Brasil, foi feita a propaganda de um livro onde se propõe a solução adotada em Israel, cerca do Trópico de Câncer, para um mundo com sede de água. Temos muito que aprender com Israel. Mas também temos muito que lucrar analisando soluções dadas a problemas análogos aos nossos em outras nações, inclusive as mais atrasadas do que nós. Todos os exemplos do exterior tem de ser vistos sob um olhar crítico para assegurar a adequação da imitação. Em que condições e em qual área das tão variadas que o Brasil apresenta. Neste sentido, ajudando a formar uma visão crítica, vão postos aqui comentários sobre a entrevista. Há vários “i”s e vários pontos a serem colocados. Para tal vamos comparar, no que diz respeito à aplicabilidade no Brasil, o dito pelo entrevistado, relativo ao seu livro com outro livro, este uma obra coletiva que resulta de contribuições de 175 pesquisadores agropecuários do Norte e Nordeste do Brasil e outra obra, esta individual, de Andrade, publicada pela Embrapa, dirigida especificamente à seleção de modos de uso de água em cultivos, sem deixar de reconhecer a atinência ao assunto, de ainda outra obra, esta relacionada a adoção de exemplos externos, onde a semiaridez traz a idéia de semelhança entre áreas geográficas distintas sob outros parâmetros.

O entrevistado evocou a grande responsabilidade dos cultivos agrícolas no consumo de água. E água, para ele, não é um problema. É “o” problema. Assim nada como seguir o exemplo do país modelo, qual seja a irrigação por gotejamento. Neste sentido, cabe atenção ao que lembra Suassuna no tocante a transpor para aplicar no Brasil experiências agrícolas exitosas alhures, mesmo quando assistidas por experientes assessores, de grande conhecimento sobre o uso do sistema de irrigação em áreas de onde está sendo copiado, onde aprenderam a usar em irrigação até as um tanto salinas águas do Rio Jordão. Suassuna (1.999) se refere aos primeiros polígonos de irrigação nos tempos iniciais da Superintendência de Desenvolvimento do Nordete, em meados dos anos sessenta do século passado:

foram desenvolvidos esforços na região Nordeste, no sentido de aplicar tecnologias apropriadas provenientes de Israel - país com larga experiência na prática irrigacionista - para assegurar o sucesso na implantação dos chamados perímetros irrigados, sob a responsabilidade do Governo Federal. No entanto, esse investimento técnico, com a participação de especialistas em irrigação, parece não ter obtido o êxito esperado. Estima-se que 1/3 da área de tais perímetros veio a apresentar problemas de salinidade nos solos. A principal causa dos insucessos verificados foi devida, provavelmente, à enorme diferença de latitude existente em ambas as regiões, a qual não foi considerada pela assessoria técnica convidada. Por tratar-se de uma região com elevada latitude (Jerusalém tem uma latitude de 31° 47’ norte), as diferenças climaticas e geológicas, tornam distintos, de forma significativa, os ambientes das citadas regiões. A evapotranspiração em Israel é inferior à existente na nossa região, pelo fato de os raios solares, em latitudes elevadas, incidirem no solo de forma obliqua. Este fenômeno também interfere diretamente na diminuição da temperatura média anual israelense, sendo um dos principais fatores para a ocorrência de neve nos invernos. Já na região Nordeste, por apresentar uma latitude menor (Recife tem uma latitude de 08° 06" sul), a evapotranspiração é mais acentuada, devido à incidência perpendicular dos raios solares no solo (algumas regiões do Nordeste semi-árido chegam a evapotranspirar cerca de 7 mm/dia). Ao contrário do que ocorre em Israel, no Nordeste as temperaturas médias anuais são significativamente mais elevadas, não havendo, por consequência, a ocorrência de neve nos invernos. Em termos geológicos, as regiões apresentam tipos estruturais bem distintos. Em Israel inexiste o embasamento cristalino - ao contrário do que ocorre no Nordeste semi-árido brasileiro - o que torna a drenagem dos seus solos mais fácil de ser realizada e o problema de salinidade mais tranqüilo de ser contornado. Dessa forma, constitui-se um erro crasso tentar-se fazer comparações entre a irrigação bem sucedida que é praticada nos solos arenosos de Israel, e isso é um fato inconteste, com aquela irrigação problemática realizada no embasamento cristalino nordestino, com os condicionantes climáticos envolvidos.

As diferenças de solo, de sua natureza e de sua latitude, estão longe de esgotar as variáveis fundamentais para escolha correta de um sistema de irrigação. O gotejamento, colocado pelo entrevistado como o sistema racional de irrigação é um modo de irrigação realmente fenomenal. Seria “a” solução para conter o consumo de água em irrigação? Quando se trata de fruteiras, provavelmente sim. Mas imagine colocar um ponto de gotejamento em cada pé de soja. Decididamente não parece uma boa idéia. Não só pelo custo que teria, como pelo fato da soja não apresentar boa resposta à irrigação, razão pela qual é tradicionalmente cultivada em regime de sequeiro:

O efeito da irrigação na produtividade das culturas é variado. Muitas culturas apresentam boa resposta à irrigação, outras, como a soja, apresentam pequena resposta e não são tradicionalmente irrigadas. Espécies frutíferas e hortaliças, via de regra, respondem bem à irrigação (ANDRADE, 2003, p.4).

Não há uma solução geral, por mais exitosa que seja em determinadas e específicas circunstâncias. Gotejamento é um tipo de irrigação localizada e este tipo geral de irrigação merece uma observação de ordem econômica:


na irrigação localizada o custo inicial é relativamente alto, sendo recomendado para culturas de elevado valor econômico e maior espaçamento entre fileiras de plantas. É um método que permite elevado grau de automação, o que requer menor emprego de mão-de-obra na operação (ANDRADE, 2003, p.10).

A racionalidade exige uma seleção segundo critérios técnicos envolvendo considerações econômicas, à margem das emoções criadas pelo bom domínio da oratória. Por mais boa vontade de que seja carregada uma santa recomendação, o que é bom para A nem sempre é bom para B.

A seleção do sistema de irrigação mais adequado é o resultado do ajuste entre as condições existentes e os diversos sistemas de irrigação disponíveis, levando-se em consideração outros interesses envolvidos. Sistemas de irrigação adequadamente selecionados possibilitam a redução dos riscos do empreendimento, uma potencial melhoria da produtividade e da qualidade ambiental (ANDRADE, 2003, p.17).

A problemática da produção agropecuária, não se resume à questão da água. Como bem colocou Andrade, a soja, o maior produto agropecuário de exportação atualmente do Brasil, tem pequena resposta à irrigação, sendo produzida tipicamente em regime de sequeiro. Pois bem, o Brasil dobrou a sua produção de soja desde que passou a utilizar as terras do cerrado, que antes da Embrapa, não serviam para a produção deste cereal, sendo para muitos, consideradas como terras não agricultáveis. Esta soja brasileira cultivada tipicamente em sequeiro, sem irrigação de qualquer tipo, representa algo ponderável do ponto de vista econômico. A produção deste único produto soja, alcança no Brasil mais de um terço do valor de toda a produção agropecuária da França, a maior nação produtora agropecuária dada Europa e tem valor amplamente maior do que o da produção agrícola da média dos 19 países latinoamericanos. 1

Uma visão equilibrada de como avançar na contribuição à segurança alimentar do mundo esteve presente nos dias da Embrapa desde sua fundação em 1973. Para fazer frente ao futuro, marcado pelas Mudanças Climáticas, que trazem problemas para a sustentação das atividades agropecuárias também fora da direta preocupação com a escassez de água, vem uma visão também equilibrada, de 175 pesquisadores agropecuários do Norte/Nordeste do Brasil.

A Adaptação para ser efetiva necessariamente deve ser conduzida pela pesquisa em diversas áreas do conhecimento da produção agropecuária. [...] É com a necessária diversidade que há sistemático trabalho, embora insuficiente, de ampliação do conhecimento direcionado a conduzir a uma convivência racional com os padrões climáticos do semiárido, atuais e futuros (DIAS; SUASSUNA, 2016).
O trabalho sistemático na direção da Adaptação/Convivência com a Seca tem resultado num crescente acervo de conhecimento onde se vê grande apoio à produção irrigada. Não deixa inteiramente a descoberto a produção de sequeiro, exposta aos rigores e incertezas do clima. Mas há reclamos de relativamente maior insuficiência de pesquisa para este setor. A área onde há cultivo de sequeiro, note-se, é muitas vezes maior, em extensão e em população, do que a irrigada, limitada esta pela escassez de água disponível. (DIAS; SUASSUNA, 2016).

Se preocupam com os efeitos diretamente advindos da elevação das temperaturas, para os quais as plantas devem se adaptar. Em Israel, efeitos diretos do Aquecimento Global podem lhe ser atribuídos já produzirem baratas mais bem crescidas, comentadas por Leibovitz (2017) numa matéria com sugestivo título “Israeli Scientists: Global Warming Gives Cockroaches Superpowers”. Lá mesmo podem ser contabilizados como efeitos diretos surtos de contaminação de patógenos em pescados, comentado por Paz et al (2007), em artigo científico com título “Climate change and the emergence of Vibrio vulnicus disease in Israel”.

A Adaptação, por seu turno, bem mais complexa do que cuidar bem do uso da água, não deve prescindir dos cuidados, para correta apropriação das adaptações desenvolvidas pela própria natureza, reclamados por Nevo (2012) em “ Evolution of wild cereals during 28 years of global warming in Israel”.

A leitura do que foi colocado pelos 175 pesquisadores reforça a posição de Nevo. As adaptações da natureza devem prover informação genética a ser usada no desenvolvimento de cultivares mais resilientes. Mas a pesquisa agropecuária deve ser, segundo eles, mais abrangente. Não se pode deixar de lado nenhuma das áreas de pesquisa atual, nem fazer concessões à qualidade: o manejo do solo, da água, dos cultivos, têm de ser devidamente adaptados. A complexidade da pesquisa não diminui, ao contrário, aumenta. Segundo eles, em certas situações cabe aumentar a resistência a temperaturas mais altas, em outras, aumentar a resistência ao stress hídrico, em outras, aumentar a resistência a eventuais excessos de umidade e assim por diante.

A importância das questões da Adaptação ao Aquecimento Global, ou às Mudanças Climáticas, se assim o preferir o leitor, varia de acordo com a situação de cada área geográfica. Há países que vivem uma situação crítica em relação à água. Como típico em vastas áreas da Terra, vivem em situação crítica em relação à água, compartilhando, como Israel, rios minguantes com vizinhos sedentos (SNIR, 2006?; OECD, 2013; RADFORD, 2017; RAJSEKHAR; GORELICK, 2017). O Brasil, por outro lado, tem grandes aquíferos, grandes volumes de água potável. Seria ridículo aconselhar a um índio na amazonia a poupar água no seu banho. A torneira, ele sequer pode fechar. Toma banho imerso numa banheira relativamente infinita, o rio Amazonas. Há mais disputas potenciais por água internamente, entre os estados brasileiros, do que entre o Brasil e seus vizinhos. São disputas, como a que houve entre os estados da região Nordeste do Brasil ao sul das águas do Rio São Francisco que, embora insuficiente para eles, dispoem das suas águas para dessedentação e irrigação, e os estados nordestinos ao norte, que passariam a também dispor delas se executado o projeto da transposição. O projeto está sendo executado. Está avançado em execução, embora tão atrasado que, pelo cronograma, já estaria, de há muito tempo funcionando plenamente. Foi um conflito interno, resolvido politicamente.

Mas a grande diferença entre Israel e Brasil não é geográfica, nem de disponibilidade hídrica, com suas implicações. A grande diferença está num atributo populacional. É o alto e bem distribuído nível de educação de Israel e o desastroso baixo nível médio de educação populacional do Brasil.

Neste sentido, cabe observar a educação populacional, em ademais de sua função de apoiar a cidadania, ser um insubstituível meio para efetiva assimilação de novas técnicas. E, neste aspecto, é de pouca valia a educação voltada para a fabricação de estatísticas educacionais e sim a educação generalizada de alta qualidade, a qual, por enquanto, é sonhada. Mas, para que o benefício da Adaptação seja alcançado, a elevação da qualidade da educação ministrada e de sua extensão deve ser implementada com velocidade maior do que a do agravamento dos efeitos das Mudanças Climáticas (DIAS; SUASSUNA, 2016).

Deve-se olhar com atenção como Israel trata as questões da água. Mas deve-se olhar com mais atenção ainda como Israel trata a questão da Educação. Tê-la como benchmark imediato. O teste PISA apresentou em 2005 para os jovens de 15 anos, como conhecimento em matemática, necessário para a vida moderna, um nível médio de 377 no Brasil (OECD 2018a), 470 em Israel (OECD 2018b) e 564 em Singapura. Mesmo um índice defasado de significado de potencial econômico como o IDH, que dá ênfase a questões quantitativas de alfabetização, apresenta o Brasil com atraso de mais de 25 anos em relação a Israel. Certamente tem seus benchmarks. Segui-lo nesta questão da Educação, estreitando as diferenças simultaneamente nos testes PISA e no IDH é um desafio ao que o Brasil não de pode furtar de seriamente perseguir, como política maior para se potencializar à Adaptação ao Aquecimento e superação de suas consequências.
 
1 Depreende-se de IBGE (2017), Embaixada da França no Brasil (2018) e Ferreira (2016, p.4442). A taxa de câmbio usada foi R$ 4,00 = 1,00 EU. 



Referências 

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CONIB - Confederação Israelita do Brasil (2018). Roda Viva promove nesta segunda-feira (8/1) debate internacional inédito com especialista em solução israelense para escassez de água. Disponível em: http://www.conib.org.br/noticias/4059/roda-viva-promove-nesta-segunda-feira-81-debate-internacional-indito-com-especialista-em-soluo-israelense-para-escassez-de-gua. Acesso em 08 jan. 2018.

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LEIBOVITZ, Liel (2017). Israeli Scientists: Global Warming Gives Cockroaches Superpowers. Tablet Magazine. August 23, 2017 • 3:00 PM. Disponível em:

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