terça-feira, 3 de abril de 2012

Precipitações e Adaptação ao Aquecimento Global

A adaptação ao Aquecimento Global requer, para reduzir o impacto de
precipitações extremas em áreas urbanas, o zoneamento das vulnerabilidades. Isso como medida inicial. Em seguida vem os investimentos  na construção de
reservatórios para contenção, alteração das bacias na direção de torná-las
capazes de reduzir acúmulo d´água a montante e relocação de atividades e
correspondentes ambientes construídos, livrando-as de prejuízos decorrentes de inundações e de deslizamentos.

Os estudos de previsões (probabilísticas) de precipitações extremas vem
sendo realizados por unidades de pesquisa climatológica. Representam
uma reduzida fração dos dispêndios nacionais e do internacional com
pesquisa científica. Como tal certamente vão continuar e até provavelmente
terão aumentada a fração que representam do investimento em pesquisa
científica, sempre representando, todavia, uma reduzida fração do total
dessa rubrica.

O zoneamento de vulnerabilidades pode representar, em muitos países, uma
fração maior do que o gasto com unidades de pesquisa climatológica. Mas, em
geral, é de pequeno porte comparado ao dispêndio total do governo. Como tal vão sendo os estudos de vulnerabilidades desenvolvidos, com nível de dispêndio determinado pela composição de forças entre:
    • os que acreditam e os que não acreditam nas consequências do Aquecimento Global;
    •  os que estão e os que não estão conscientes de que se deve investir em reduzir impactos e efeitos negativos;
    • o efeito político positivo e o negativo dentro do horizonte temporal das eleições.
    Terminado e publicado o estudo de vulnerabilidades tem-se a sensação de que os responsáveis por instâncias dos estados nacionais tendem a repousar, com se tivessem chegado ao sétimo dia, como se já se tivesse feito tudo o que poderia ser feito para a Adaptação em termos urbanos. Na verdade estudos de vulnerabilidade e sistemas de avisos de precipitações extremas devem ser vistos como o começo.

    Investimentos para a construção de reservatórios de contenção, alterações das bacias dos cursos de água e relocação de atividades e correspondentes ambientes construídos, necessários do ponto de vista de cálculos econômicos, principalmente se levam em conta custos sociais, são de montante, em geral, de ordem de grandeza muitas vezes maior do que os orçamentos públicos permitem e seriam totalmente reprovados pela coletividade, a qual não estaria disposta a pagá-los.

    No momento, dada a escassez de recursos disponível e as restrições de aprovação pública, é ideal que sejam os desastres provenientes de precipitações extremas transformados em oportunidades de reconstruções feitas de forma a evitar a futura renovação do desastre. A comoção do desastres traz aprovação aos investimentos para evitar a reincidência. É o caminho do possível.

    Assim agiu o Governo do Estado de Pernambuco. Avisou, por intermédio da APAC, a iminência de uma precipitação extrema. Iniciou, logo que pôde, a construção de reservatórios de contenção para evitar que se viesse a reproduzir os prejuízos recordes causados pela cheia recorde do rio Una, ao sul do estado, em 2010.

    Fica mais difícil a Adaptação às Mudanças Climáticas quando se trata de males insidiosos como as secas. No que diz respeito às pessoas hoje se está tratando de dar resiliência capacitando os que moram no campo a acumular até 16 m3 de água em cisternas, com água coletada dos telhados de suas casas.

    A cisterna, quando construída com placas de concreto pelos próprios camponeses, representa uma instância de ação que os apóia, não só permitindo a água durante os meses de seca, sem depender de doações, mas dignificando-os também pelo seu trabalho, construindo soluções e representando uma oportunidade de ganho (e de difusão) de conhecimentos práticos capazes, de com um mínimo de adaptação, ser usados em outras atividades.

    Finalmente, registre-se que estas cisternas, têm nas "cisternas de placa" uma forma de construção simples, desenvolvida por um pedreiro. Um ser humano com seu conhecimento empírico, desprovido de educação formal, incluído, portanto, no imenso déficit educacional brasileiro.  Mas criativo e motivado por uma solução ao alcance técnico dos milhões e milhões que sofrm com as secas e são irmãos seus na participação deste imenso déficit educacional

Nenhum comentário:

Postar um comentário